José Silva é um conhecedor do historial dos baldios da freguesia do Gafanhão e da localização dos respetivos maninhos (terrenos baldios), tendo feito parte da comissão de fiscalização dos baldios quando estes eram geridos pela comunidade. Depois de um esforço de vários anos por manter os referidos baldios na comunidade, o cansaço e a falta de pessoas fizeram com que a União de Freguesias de Reriz e Gafanhão acabasse, há cerca de uma década, por assumir a gestão do seu conselho diretivo, nos termos das delegações de poderes previstas na lei dos baldios.

Segundo José Silva, houve tempos em que os baldios tinham uma utilidade diversificada, desde a floresta de pinheiros e, mais tarde, de eucaliptos, até terrenos para pastoreio de animais, locais de recolhas de matos de carquejas e de chamiças para os gados e de lenha miúda para aquecimento da população. Nos últimos anos os usos foram sendo reduzidos, sendo hoje o baldio composto quase exclusivamente por floresta.

Ao longo da entrevista, José Silva referiu múltiplos episódios associados à gestão comunitária dos baldios, como a dificuldade em controlar todas as ações de corte de madeiras por parte de privados, os quais ocasionalmente mandam cortar algumas das árvores do maninho adjacentes aos terrenos privados e o facto de, no passado, os serviços florestais terem tido equipas locais de acompanhamento, vigilância e de limpeza da floresta localizada no perímetro dos baldios, tendo sido relembrados os nomes de antigos (e entretanto falecidos) empregados como o senhor Celestino da aldeia de Sequeiros e os senhores Albano e Fernando Costa da aldeia de Nodar.