Natural da ilha da Madeira e atualmente residente em Rebordinho – Campia, Dolores Rodrigues emigrou ainda jovem para Angola. Foi, aliás, em Luanda que completou os 18 anos.
Antes disso, recorda uma infância feliz, no seio de uma família de cinco irmãos, rodeada pela liberdade e natureza caraterística da chamada ‘pérola do Atlântico’, onde o azul do mar é entrecortado pelo verde e o colorido da flora e pelas rochas nas montanhas. Naquele tempo, rapazes e raparigas não se misturavam e cresciam, cada qual, com as suas tarefas, além das brincadeiras próprias da idade. “Era feliz”, garante.
Ficando o seu coração na ilha, parte rumo a uma terra que não conhecia, depois de casar, por procuração, com Adriano Rodrigues e de um período de namoro por correspondência. Após treze dias de viagem de barco, chega ao destino.
Dolores Rodrigues concilia as tarefas da casa com a ajuda ao marido, que se encontra estabelecido por conta própria no comércio. Têm também pequenas plantações, onde não pode faltar a vinha americana, tão característica da região de Lafões. Da alimentação fazem ainda parte a moamba de galinha, carne, peixe, funge e a fruta, como bananas e anonas. Os costumes religiosos, como ir à missa ao domingo, mantêm-se.
Como Adriano era mestre-de-obras, o casal vai investindo no imobiliário, “fruto de muito trabalho”, recorda Dolores. Entretanto, nascem as duas filhas, Sónia e Cristina, que tem apenas dois meses quando se dá o 25 de Abril de 1974, que obriga a família a regressar a Portugal, já de avião.
Face à criminalidade e à insegurança que se faziam sentir, Dolores Rodrigues diz que “foi um alívio sair”, embora fiquem as memórias. Regressam para a terra do marido, Rebordinho, onde já viria a nascer o terceiro filho do casal. Foi o recomeçar do zero.