No seio de seis irmãos, a infância de José Mendes “não foi fácil”. A agricultura era a base de sustento familiar e todos os terrenos aráveis eram cultivados, sendo o rebanho de ovelhas um suplemento. A lã era transformada em casa antes de ir para o tear, bem como o linho com que se faziam têxteis e diversas peças de vestuário.

O gado bovino desempenhava um importante papel, cabendo-lhe a missão de lavrar a terra e a tiragem de madeira que alimentava as serrações. Só nos anos 60, quando regressou da Guerra Colonial, José Mendes adquiriu o Ford 2000 que veio alterar este paradigma.

A sua passagem pelas colónias serviu de inspiração a vastos poemas, mas também deixou marcas, levando-o a ser um dos fundadores da delegação de Viseu da Associação dos Deficientes das Forças Armadas. Contribuiu ainda para a criação do Grupo de Cavaquinhos e Cantares à Beira e do Núcleo da Cruz Vermelha em Queirã.

Ao nível político, passou pela Junta de Freguesia de Queirã, tendo participado no primeiro recenseamento após o 25 de Abril e, com o “incansável” professor Joaquim Mendes, deixado a sua marca no desenvolvimento da freguesia e na melhoria nos acessos, entre outros.

Tendo também assumido funções como Vereador na Câmara de Vouzela, José Mendes realça que procurou estar “ao serviço da comunidade” e não esconde o orgulho nisso. Apesar de alguma rivalidade e peripécias que se seguiram ao 25 de abril, “a orquestra tinha de funcionar sempre”. No seu caso, destaca a integração em “equipas moderadas, onde havia diálogo e em que ficou amizade e estima”.