Francisco Almeida, de 68 anos, cresceu numa casa senhorial de meados do século XIX, enquadrada numa quinta com 10 hectares, em Baiões, onde se produzia vinho e azeite em abundância, para ajudar no sustento da casa. Com o falecimento do seu pai, há 12 anos, a propriedade ficou fechada.

Ainda assim, as memórias continuam vivas, por exemplo, através do presépio que é uma réplica de um presépio maior que está dentro de uma vitrina na sala de refeições do edifício. “Quando era pequeno, antes de jantar, com os meus pais e irmãos, a nossa madrinha, que criou o meu pai desde pequeno, e os criados rezávamos sempre o terço antes de jantar. Até aos meus 20 anos foi assim”, recorda.

Sendo o irmão mais velho, Francisco tinha alguma responsabilidade para com os mais novos. “Lembro-me de ter de dar o exemplo e de os puxar para esta tradição familiar que tínhamos, religiosamente, de cumprir”, adianta.

As recordações surgem também muito associadas à época do Natal. Nas décadas de 60 e 70 do século passado, nota, “as prendas não eram dadas como hoje”. “Colocávamos o sapatinho junto ao presépio e, no dia 25, levantávamos cedo, com a ânsia de saber. Apesar de os meus pais não terem grandes posses, tínhamos sempre uma guloseima ou um brinquedo”, lembra, com emoção.