“O teu rosto, mãe

É de uma santa.

O teu rosto, mãe

Dá-me confiança.

Ainda que a vida nos separe

És mãe, sempre mãe.

És mãe, minha mãe.

Foi com estas palavras que Maria Licínia Russo, de 70 anos, que mora em Figueiredo das Donas – Vouzela, brindou a mãe, na eucaristia de acção de graças pelos seus 100 anos, em que lhe ofereceu o avental que hoje mostra. Ao seu lado está uma vassoura de giesta, apanhada no monte, que se usava na limpeza da casa. “Tinha de ser sem flor. Cortávamos a giesta com um podão ou podoa, atávamos com piteira e tinha de ser mais comprida para varrer debaixo da cama”, recorda.

Os cantares estiveram sempre muito presentes na sua vida. “Andava-se a guardar as ovelhas, cantava-se; ia-se ao molho, cantava-se; ia-se às pinhas, cantava-se. A nossa juventude foi sempre a cantar”, nota, evocando uma juventude com muitas brincadeiras, peças de teatro dedicadas à aldeia e, claro, muito esforço.

Como ditava uma das músicas:

“Mal desperta a madrugada,

Ponho ao ombro a minha enxada

Vou para o campo trabalhar.

É assim a minha vida

Que somente leva a vida

Nunca a poderei deixar.

Sempre, sempre a trabalhar”.