As iniciais CMD e a data 1893 foram inscritas na toalha que a avó paterna de Maria de Lurdes Tavares – de seu nome Custódia – recebeu da respetiva madrinha, Maria das Dores. A peça, com cerca de 2,5 metros, tecida com linho caseiro e toda trabalhada, completa, portanto, 130 anos.

Sendo um artigo com “grande valor sentimental”, Maria de Lurdes Tavares, com 70 anos e natural de Vilharigues, fez questão de a ter exposta por ocasião do seu centenário. “E este ano, passando a Páscoa, vai voltar para a mesa”, garante.

Tendo sido criada pela avó, que faleceu em 1971, são inúmeras as memórias que tem partilhar, desde o cuidar dos campos agrícolas ao processo de transformação do linho. “Lá em casa semeava-se, tratava-se e tecia-se o linho. Isso dava-me uma certa alegria e liberdade por poder viver os trabalhos”, realça, acrescentando que o mesmo acontecia com a tosquia das ovelhas com que se fazia a lã usada, por exemplo, nos cobertores. O serão, recorda, era, muitas vezes, passado a fazer tiras para transformar em mantas e a tecer agasalhos.

O tear foi também uma peça muito presente no seu percurso, tanto em casa da avó paterna como na da avó materna, que era tecedeira de profissão. E, como não poderia deixar de ser, o seu enxoval herdou peças de ambas.