A Associação Social, Cultural, Desportiva e Recreativa de Paraduça levou a cabo nos últimos anos a requalificação de um edifício com alto valor patrimonial: um pisão situado na margem do rio Vouga junto à aldeia de Paraduça. O pisão é edifício com um mecanismo rotativo exterior em madeira que serve para ativar o mecanismo interno do pisão para a elaboração do burel, um tecido de lã impermeável com os quais se faziam antigamente as tradicionais capuchas.
No dia 24 de maio de 2025 realizou-se o Passeio Sonoro do Pisão no âmbito do qual foi possível ouvir e gravar a paisagem sonora do pisão de Paraduça em funcionamento. No caso concreto desta gravação, ouvem-se por ordem temporal: a água de uma fonte em pedra junto ao pisão, a roda exterior do pisão em movimento com a ação da água e, finalmente, o mecanismo interior dos pistões que serviam para pisoar a lã.
O mecanismo do pisão com roda exterior, que na prática consiste num moinho para compactar lã, opera através de um sistema de forças. Este moinho, utilizado historicamente para fabricar o burel, possui uma roda externa que, através de um eixo, aciona um conjunto de martelos ou pistões. Quando a roda gira, os pistões descem em um movimento rítmico, batendo na lã disposta numa caixa de compressão. Esse processo compacta a lã, alinhando as suas fibras e aumentando sua densidade, o que contribui para a impermeabilidade do final do material. A pressão e o atrito resultantes do pisão favorecem a transformação da lã em burel, um tecido resistente e durável, frequentemente utilizado em vestimentas como as capuchas das pastoras serranas.
Bibliografia:
Oliveira, E. V. de, & Galhano, F. (1961, 2020). Pisões portugueses. Trabalhos de Antropologia e Etnologia, 18(1-2). Obtido de https://ojs.letras.up.pt/index.php/tae/article/view/8737