Filho de Manuel Pereira de Almeida, de Pouves, e de Maria da Glória Rocha, de Vila Maior; José Luís Almeida nasceu e foi criado em Nespereira Alta, no concelho de São Pedro do Sul, numa família de 10 irmãos.

Dadas as dificuldades económicas, que eram comuns na época, começou, desde tenra idade, a guardar as ovelhas e a trabalhar na agricultura, ainda manual e de subsistência. A batata, o feijão, a cebola e o milho eram indispensáveis na alimentação.

José Almeida não chegou a fazer o exame da quarta classe e, seguindo as pisadas do pai, foi, com mais dois irmãos, para a construção civil, “um trabalho duro”. Conforme recorda, havia muitas casas com o interior em madeira e sem placa e as tintas eram feitas, artesanalmente, pelos próprios. Já a pedra abria-se com tiros e era multiplicada com um pico e um ponteiro.

Para suavizar as agruras da vida, não faltavam os bailes da aldeia, animados por um realejo ou ao som de um gravador, e os namoricos, que aconteciam às escondidas dos pais.

José Luís Almeida já tinha dois filhos quando começou a fazer a sua casa, que, numa primeira fase ficou em esqueleto. Já o interior foi-se “remediando”. A necessidade de dar melhores condições à família levou-o a emigrar para a Alemanha, onde viria a ficar apenas nove meses, dado que adoeceu e teve de regressar, conseguindo, no entanto, pagar as dívidas, fazendo serviços de jardinagem e procurando poupar ao máximo. Longe e sem dominar a língua local, conta que se sentiu um pouco perdido, sensação amenizada pela presença de alguns portugueses na região e pela companhia de um rádio gravador.

No regresso, voltou para a construção civil e foi melhorando a residência.

Quando a saúde faltou, com dores muito fortes que lhe prenderam a perna direita e obrigaram a repouso absoluto antes de uma cirurgia delicada à coluna, encontrou no artesanato a solução para passar o tempo e enfrentar o problema. Com raízes das torgas e bocados de madeira, passou a criar os mais diversos objetos: caixas, bancos, relógios, miniaturas, bares, etc.

“Desde pequeno sempre dei jeito a uma bugiganga qualquer”, recorda, notando que acabou por tomar o gosto à atividade. Dedicou-se à sua oficina, as peças foram-se multiplicando e decidiu construir uma estrutura para as expor à beira da estrada, junto a casa. A beleza das suas criações acabaria por despertar a atenção de quem passava e também dos visitantes das feiras de artesanato em que participa em vários pontos do país.