Gravação subaquática no rio Vouga, junto ao pisão de Paraduça, utilizando gravador sonoro Zoom H8 e hidrofone Aquarian. Na gravação é possível escutar vibrações de insetos que flutuam na superfície da água assim como o coaxar das rãs, típico do seu periodo de acasalamento em Portugal (abril/maio).
O coaxar das rãs é um fenómeno acústico que desempenha um papel crucial na comunicação e na reprodução dessas criaturas. As rãs utilizam o seu canto para atrair parceiras, estabelecer territórios e alertar sobre predadores. A produção do coaxar ocorre através da vibração das cordas vocais, ressoando em bolsas de ar que amplificam o som. Essa dimensão acústica é fundamental, especialmente em ambientes aquáticos, onde as ondas sonoras se propagam de maneira mais eficiente. Além de ser um importante meio de comunicação, o coaxar das rãs também serve como indicador da saúde ambiental, já que a presença ou ausência de certas espécies pode refletir a qualidade do habitat. O som das rãs, muitas vezes melódico e variado, é influenciado por fatores como a temperatura e a humidade, revelando uma conexão íntima com o ecossistema em que vivem.
Os insetos aquáticos, como as cigarras de água e alguns tipos de libélulas, produzem vibrações que podem ser detectadas por hidrofones. O mecanismo biológico por trás dessas vibrações envolve várias estruturas e processos. Por um lado, muitos insetos aquáticos possuem órgãos especializados para produzir som. Por exemplo, as cigarras de água utilizam membranas vibrantes ou estruturas chamadas de “tímpanos”, localizadas no seu abdómen ou asas. Quando os músculos se contraem, essas membranas vibram, gerando ondas sonoras. Os insetos podem alterar a frequência e a amplitude das vibrações. Isso ocorre por meio do controle preciso dos músculos que tensionam ou relaxam as membranas. A variação nas forças musculares resulta em diferentes sons, que podem ter um papel na comunicação ou na atração de parceiros. As vibrações geradas no corpo do inseto propagam-se na água. A densidade da água permite que as ondas sonoras se movam a uma velocidade maior do que no ar. Assim, sons produzidos por insetos aquáticos podem ser detectados a consideráveis distâncias.
Bibliografia:
Gerhardt, H. C., & Huber, F. (2001). Acoustic Communication in Insects and Anurans: Common Problems and Solutions. Chicago: University of Chicago Press.