A arte da cestaria faz parte da vida de Ana Fernandes, de 67 anos, desde que se lembra.
Nascida e criada no Luso, os avós começaram, ainda novos, a trabalhar para a Sociedade Água de Luso, cuja água era vendida em garrafões de vidro envoltos em vime (verga). O pai de Ana Fernandes aprendeu o ofício e chegou a ter o serviço de empalhar, que consistia em trabalhar a matéria-prima. Depois de cumprido o serviço militar, aproveitava uma área junto à antiga unidade de engarrafamento, para ter uma quantidade de vime enterrado. Esta operação, feita depois de cortada a matéria-prima do viveiro, ajudava “a soltar a casca antes de ser desfiado” e ter diferentes utilizações.
Cestos, garrafas e garrafões eram algumas das possibilidades, mas conta a empresária que era “um criativo” e tinha uma perícia que não está ao alcance de todos.
Até poucos meses antes de falecer, há dois anos, o seu progenitor continuou a aproveitar os serões para empalhar garrafas para as Caves Messias e a arte na família morreu com a sua partida.
Sendo um homem “muito trabalhador e poupava muito”, o seu pai ainda abriu um café por cima da fonte das 11 bicas (Fonte de São João) e o Restaurante O Cesteiro, que ainda hoje funciona às portas da vila.