Entrevista integrada no projeto “Pedras Faladas: Memórias Geológicas de Bodiosa”, uma homenagem às pessoas concretas que estiveram e estão ligadas ao universo geológico desta freguesia do município de Viseu.

José Dionísio não esteve ligado ao mundo da pedra, mas sim ao da resina. Não obstante, dá-nos conta de uma parte importante do contexto sócio-económico de Bodiosa, pelo que a sua entrevista é de extrema relevância para perceber como em Bodiosa as gentes de antigamente buscaram alternativas à agricultura de subsistência, seja com o minério, o trabalho nas separadoras ou, como no seu caso, na resina, uma exploração de extrema importância em toda a zona de pinhal nas freguesias a norte da cidade de Viseu, como Bodiosa, mas também Calde, Ribafeita, etc. Junto à estação de comboios de Bodiosa existiu uma das principais fábricas de resina na região: a Fábrica Manuel Raimundo por onde passaram gerações de rapazes da região, a qual sofreu um enorme incêndio e que, como aconteceu um pouco por todo o país, acabou por encerrar quando o mercado se virou para outras resinas mais baratas.

A entrevista a José Dionísio tem ainda o interesse de referir um conjunto de outras atividades na freguesia de Bodiosa, como o cultivo e processamento artesanal do linho, as tradições religiosas e profanas como o “cantar as cruzes”, o “cantar os martírios” ou o “serra a velha” e formas de sociabilização da freguesia, como os namoros nas fontes, as festas nas várias aldeias e os grupos de baile existentes na região.

Entrevista a José Dionísio em Oliveira de Cima, Bodiosa a 18 de Março de 2015. Condução da entrevista de Susana Rocha, registo e Edição Audiovisual de Nely Ferreira.