Entrevista integrada no projeto “Pedras Faladas: Memórias Geológicas de Bodiosa”, uma homenagem às pessoas concretas que estiveram e estão ligadas ao universo geológico desta freguesia do município de Viseu.

Como muitas pessoas nascidas até meados do século passado, José Almeida Santos parece que viveu várias vidas dentro de uma só, tal a diversidade de experiências laborais e conhecimentos adquiridos. Desde o seu primeiro emprego, a fazer “o giro” às pedreiras para apontar os dias ao pessoal ou ir a Viseu para cobrar aos clientes que tinham comprado carradas de pedra, passando pela Sociedade Mineira do Paiva onde contactou com a separadora de minérios, com a fundição e com o trabalho de peltres de estanho, composto obtido a partir da cassiterite que era separada de outros minérios e fundida e moldada juntamente com cobre e antimónio.

Não obstante ter tido exercido funções administrativas, José Almedia Santos descreve com um assinalável precisão vários processos de transformação da pedra de granito: a que vinha da serra e era partida com a ajuda de pixotes de ferro enfiados na pedra e da ação dos martelões para a abrir, passando pelo poprianho ou perpianho, um tipo de cantaria que tem toda a largura da parede em que entra, atravessando uma parede dum lado a outro, sendo portanto aparelhada nas quatro faces, até à importância de perceber o “correr da pedra” para facilitar a sua transformação, ou ainda as juntas de vacas com uma zorra aparelhada que antes da mecanização serviam para trazer as pedras da serra.

Entrevista a José Almeida Santos em Oliveira de Baixo, Bodiosa a 18 de Março de 2015. Entrevista e Transcrição da Entrevista de Susana Rocha. Registo e Edição Audiovisual de Nely Ferreira.