Aristides Tavares da Silva nasceu na aldeia de Campia, concelho de Vouzela, a 04 de outubro de 1940. Conta-nos que o centeio antigamente em Campia era semeado em novembro de forma a ser colhido em junho, em terrenos essencialmente “areosos e mais enxutos”.

Afirma que ainda hoje “todo o trabalho, pegue num podão, pegue numa enxada para cavar terra” benze-se sempre. “É uma tradição que já apanhamos dos nossos pais”. Segundo Aristides, antigamente dizia-se “olha tu, benze-te para sermos protegidos para que a semente corra bem, dê bom fruto”.

Aristides Silva, diz-nos que antigamente já havia a tradição de as mulheres prepararem a merenda para quem estava a malhar o centeio: “De manhã dava-se o pequeno almoço, depois ali a meia manhã, quando era na malha, e quando era na ceifa também vinha sempre a comida”.

Com alguma saudade, recordou ainda a festa que era na sua aldeia na altura da ceifa: “Na ceifa cantava-se muito, ui, cantava-se, dançava-se…Cantava-se a Santa Combinha”… “Estas raparigas novas cantavam muito, juntavam-se, formavam ali uma roda, cantavam ali ao desafio”…

Entrevista a Aristides Silva, conduzida por Liliana Silva. Captação de imagem e som por Liliana Silva a 07 de Março de 2019. Editado por Liliana Silva.