Como em tantas aldeias da Beira Alta, Várzea de Calde teve durante muitos anos um sistema de rega tradicional, assente na existência de um conjunto de ribeiros e de regos associados, os quais descem das nascentes em direção aos campos cultivados que necessitam de água durante o verão (culturas de regadio, como hortícolas, milho, etc.). Os regos eram desviados (através da colocação de pedras que faziam de comporta) para os campos de determinadas famílias, em função dos dias e das horas, existindo um sistema de poças que acumulavam alguma água para acelerar os processos de rega. Como a altitude da aldeia de Várzea de Calde não é significativa, antigamente podia ser difícil existir água para toda a gente regar durante todo o verão. Os senhores Herculano Gonçalves e Hermenegildo Gonçalves foram responsáveis pela dinamização da Junta de Agricultores do Regadio de Várzea que apresentou um projeto de construção de uma barragem para regadio, uma infraestrutura rara nas aldeias da região. O projeto foi aprovado e construído já no século XXI, sendo hoje, simultaneamente, um pólo de atração para ócio, uma reserva hídrica útil nas épocas de secas e de incêndios e o coração de um sistema de rega que funciona de forma permanente, tendo associado uma rede de tubagens e de meias manilhas, pagando cada família um montante anual em função da área dos terrenos que necessitam de ser regados.

Entrevista conduzida por Liliana Silva em 20 de novembro de 2021. Gravação audiovisual de Liliana Silva. Edição audiovisual de Liliana Silva e Luís Costa.