Natural do concelho do Sabugal e a residir na cidade da Guarda, Rui Reis, de 38 anos, trabalha nas Termas do Cró “desde o primeiro dia em que esta riqueza iniciou, em junho de 2011”. O projeto, que surge com o objetivo de poder concessionar-se, “era algo novo a nascer, quase do nada”.

Vindo da área da banca, assumiu a vertente administrativa e atendimento ao público, fazendo a ponte com o Município do Sabugal. Sendo também um curioso da temática das termas, rapidamente foi acumulando conhecimento, memórias e algum espólio, nomeadamente cartas de solo e de linhas de água, e objetos ligados à história daquele lugar, muitos dos quais oferecidos por aquistas. A este património, juntam-se as memórias e as histórias, “sempre boas de ouvir”, que os visitantes têm para partilhar.

Na região foram achadas moedas romanas e banheiras esculpidas, o que indica que aqui terá passado aquele povo, enquanto impulsionador do termalismo em Portugal. Porém, conta Rui Reis, a primeira “referência documental remonta a 1726, quando o médico de el-rei D. João V, ao passar por estas terras encontrou uma nascente que brotava do solo, que se diferenciava e que em contato com a mesma, certas maleitas se manifestavam”.

Só bem mais tarde, em 1891, é realizada a primeira análise às águas. Ao longo dos tempos, surge também o casario que vai dando vida e servindo de apoio à atividade. “As ruínas são de uma construção dos anos 30, do Estado Novo. O piso inferior era para aquistas com menos posses, enquanto no superior já havia mais qualidade, uma sala de jogos e televisão, ainda rara na época. E a última exploração já foi feita pela Igreja, através do Instituto São Miguel da Guarda, proprietário desse edifício e da Hospedaria Senhora dos Milagres”, conta.

O auge viria a acontecer nos anos 50/60 do século passado, sendo as termas do Cró uma referência nacional. Na passagem de 1973 para 74, termina a atividade do antigo balneário.