Maria Celeste Silva cresceu, desde jovem, com a realidade da emigração. A família vivia em Nogueira de Côta, no concelho de Viseu, mas o seu pai partiu em busca de melhores condições de vida, rumo ao Brasil, terra onde tinha nascido, quando a filha tinha apenas dois anos.

Assim, cabia a Maria Celeste Silva e ao irmão ajudarem nas lides do campo e com os animais.

Eram tempos exigentes, em que os mais novos começavam cedo a ter de ganhar a vida. Foi o caso também do seu marido Augusto Seixas, que cresceu no seio de uma família de oito irmãos, em Nogueira de Côa – Viseu, terra do pai. Após completar a quarta classe, foi com uma irmã para o Alentejo para, apesar da tenra idade, “trabalhar como adulto”. Ficou integrado num rancho de 50 pessoas, que asseguravam tarefas como a monda do arroz e o corte de mato. Ao longo dos contratos de 10 meses, “trabalhava-se duro” e o pagamento era de 5 escudos por dia, que eram entregues aos pais.

No regresso, ainda passou pelas estradas florestais, esteve a servir na Póvoa de Santa Iria, e foi ajudar o pai, que era cantoneiro.

Já depois de casar, o casal decidiu emigrar e instalou-se perto de Annecy (França), onde permaneceu de 67 a 71, vindo de férias em agosto e por vezes no Natal. Augusto especializou-se na construção civil e Maria Celeste conciliava atividades agrícolas, como a vindima ou a apanha da azeitona, com trabalhos de costura para fora.

No primeiro filho, Celeste anuiu a que estudasse em Portugal, ficando com os avós. “Chorei muito”, confessa, no entanto. Assim, quando foi a vez do filho mais novo estudar, decidiu regressar ao seu país. A família reunia-se três meses no Verão em França e Augusto passava mais dois em Portugal, no Inverno.