Delfim Fernandes nasceu na aldeia de Cetos (freguesia de Pinheiro, Castro Daire) no ano de 1960, sendo oriundo de uma família de agricultores e de criadores de gado. Andou na escola até aos 12 anos e mais tarde fez o ensino propedêutico até ao sexto ano. Quando era garoto, Delfim gostava de jogar ao pião e com o arco, o qual percorria pelas eiras e pelos caminhos da aldeia junto com as restantes crianças. Naqueles anos, a alimentação nas aldeias ainda era totalmente tradicional: A família comia regularmente feijões com couves e batatas, de vez em quando algumas sardinhas e alguma carne de porco, já que a família matava e salgava duas “cebas”.

Delfim Fernandes decidiu emigrar quando reparou que outros da sua geração estavam a ir para a Suíça. Abandonou a sua aldeia com 19 anos, no ano de 1979, cheio de expectativa por conhecer lugares e experiência novas. Comprou alguma roupa nova e foi de táxi até Mangualde, onde apanhou o comboio que o haveria de levar, depois de várias escalas e dois dias de viagem, até à estância de inverno de Zermatt, na Suíça.

Este jovem castrense começou a trabalhar com um contrato de seis meses mas com a ideia de ficar na Suíça para sempre, no ramo da hotelaria, muito importante numa localidade dedicada ao turismo. Delfim recorda-se que quando chegou a Zermatt o calçado que tinha trazido de Portugal não era o mais apropriado para a neve, pelo que escorregava frequentemente.

Começou a trabalhar na cozinha de um hotel, posteriormente trabalhou em vários restaurantes e esteve 10 anos no hotel e restaurante Mirabeau. Mais tarde, decidiu ir para Lucarno, no cantão Ticino, onde esteve apenas um mês. De seguida, optou por ir para Zurique e no ano seguinte voltou a Zermatt, ao mesmo hotel onde trabalhava antes. Em 1995, decidiu regressar a Portugal e durante dois anos foi chefe de calceteiros em Castro Daire. Voltou posteriormente para o Hotel Mirabeau em Zermatt, onde esteve até 2003. Posteriormente trabalhou em vários restaurantes, experimentou trabalhar como chefe de cozinha noutra estância, a famosa Davos, e acabou por regressar de novo a Zermatt, para trabalhar num lar de idosos, onde esteve até ter regressado definitivamente a Portugal.

Em termos da paisagem suíça, Delfim Fernandes refere a omnipresença do branco da neve entre aproximadamente Dezembro e Abril, sendo para ele um enquadramento bonito mas que não chega a ultrapassar a beleza da sua terra natal. Finalmente, a música acabou por ter um papel importante na sua vida: depois de ter aprendido a tocar banjo e violino começou a participar em vários contextos de confraternização musical em Zermatt, tendo feito parte, por exemplo, do Rancho Folclórico Emigrantes Portugueses de Zermatt.