Graciano Lourenço de Oliveira nasceu em Várzea de Calde, no concelho de Viseu, mas grande parte da sua vida foi passada na Suíça, para onde emigrou em 1986, ano em que “o Futebol Clube do Porto se sagrou campeão europeu”.

Criado no seio de uma família muito dedicada ao trabalho do campo, considera que a melhor herança que teve do pai foi quando este o mandou para a telescola, em Folgosa, fazer a 5ª e 6ª classes. Não chegou a terminar a formação, interrompida pelo 25 de abril de 1974, mas confessa-se um fascinado por História e Ciências, já que “para as línguas não tinha tanto jeito”.

Naquele tempo, o sector agrícola era ainda muito primitivo, com os carros de bois a serem força motriz para as lides do campo; e muitas ruas da aldeia não tinham sequer pedra ou asfalto.

Além das rogas pontuais na agricultura, a ajudar o pai, aos 17 anos já trabalhava na construção civil em Viseu, por conta própria e com os objectivos sempre “bem definidos”. Considera-se, também por isso, fruto de uma “geração de transição”.

Aos 24, por intermédio de familiares, parte rumo à confederação helvética, onde fica a residir numa vila perto de Zurique. Era véspera de São João, 23 de junho de 1986, quando começa a trabalhar na descofragem de uma ponte onde ia passar o comboio, integrado numa pequena empresa familiar com cerca de 100 colaboradores, entre os quais italianos, espanhóis e jugoslavos.

Daquele período recorda o grande controlo que havia por parte das autoridades para entrar na Suíça e o trabalho duro e sujeito aos elementos, “com sol abrasador e um frio rigoroso”.

Ao longo de mais de três décadas, Graciano assumiu outros desafios. Voltou à escola, para aprender noções básicas de alemão; e durante mais de 20 anos trabalhou na manutenção de um centro comercial, onde andava com uma máquina industrial de lavar o chão. A este cargo, que foi também a oportunidade de encontrar gente de vários pontos do mundo, juntava umas horas feitas, aos sábados, numa padaria.

Nos anos em que a esposa e as filhas viviam em Portugal, a distância fazia sobressair o fato de não gostar de estar longe das raízes. Ainda assim, estava bem integrado e fez questão de defender sempre a cultura portuguesa: era sócio do Centro Lusitano de Zurique e integrou o grupo coral de St. Felix und Regula, que tinha atuações na zona norte e centro da Suíça.

Em 2021, a esposa regressou a Portugal e Graciano Lourenço seguiu-lhe as pisadas. Já as filhas e as netas ficaram, em Neuchâtel e Zurique, mas o casal faz questão de as visitar regularmente.