José Ferreira de Almeida remete-nos para uma “infância boa” em Alva, uma pequena aldeia na freguesia com o mesmo nome, no concelho de Castro Daire, de cariz predominantemente agrícola, onde a renda das terras se pagava em alqueires de milho ou outros géneros.

Quando foi para a tropa já tinha casado, com a jovem menina que o tinha conquistado ainda escola. A 1 de agosto de 1973, José foi para Lisboa e dois dias depois já estava a trabalhar na Alemanha, perto de Dortmund, com um contrato que um conterrâneo lhe tinha arranjado.

A esposa ficou a cuidar das filhas, mas, mais tarde, também se juntou e as crianças ficaram com a avó.

Embora a língua fosse difícil, rapidamente se integrou e em cerca de meio ano já se desenrascava com a comunidade local.

O mercado com produtos tradicionais portugueses, a festa dedicada a Nossa Senhora de Fátima, que juntava milhares de portugueses, e os legumes que cultivava no quintal aproximavam-no de casa.

Apesar de ter uma vida estabilizada e um bom trabalho na Thyssen, uma fábrica de contentores, o antigo emigrante garante “nunca quis trocar o dinheiro pela família”, pelo que viveu “dez anos de coração dividido”. Ainda que as filhas fossem de férias à Alemanha, “a felicidade não era completa”.

Assim, após uma década, em novembro de 83 regressou às raízes, trabalhando como taxista em Viseu. “Nunca pensei em enriquecer, apenas em viver a vida”, conclui, com satisfação.