Maria José Marques cresceu no seio de uma família humilde, em que era necessário trabalhar muito para aproveitar os frutos que a terra dava. Aos 12 anos já estava empregada na resina, uma tarefa igualmente dura.

Assim, quando surgiu a proposta da cunhada para ir para a Suíça, não hesitou. Tinha 18 anos, o que fez com que os pais ficassem reticentes com a ideia de verem a filha sair de casa para o estrangeiro.

“Foi o melhor que fiz”, garante. O seu primeiro trabalho foi num restaurante, onde começou como empregada de bar e depois de mesa. Ficou lá sete anos. Mais tarde, mudou-se para um salão de chá e pastelaria, onde permaneceu outros onze.

Por si, nota, “se fosse hoje ainda lá estava”, “mas a vida prega-nos partidas”. O marido quis regressar à aldeia do Pereiro, em Castro Daire, e o filho também teve complicações de saúde quando tinha um ano. “Arranjei trabalho e fui ficando”, diz, resignada.

Para trás ficaram as recordações além-fronteiras e algumas dificuldades. “Superou-se tudo e os patrões foram excelentes, sobretudo os segundos, de quem ficaram muito boas memórias e que eram como uma família”, faz questão de salientar, sem esconder as saudades.

Maria José́ diz que não queria morrer sem voltar à Suíça. “Foi um país que adorei. Trabalha-se muito, mas chega-se ao fim do mês e recebe-se. Em Portugal já não é assim. Aqui o que temos de bom é a liberdade”, aponta.