Maria Odete Ferreira recorda uma infância pautada por bastantes dificuldades económicas, em Alva, no concelho de Castro Daire. Só conheceu o pai, emigrante no Brasil, já com 14 anos.

Assim, é compreensível que sempre tenha tido uma vida de trabalho, tanto na resina como nas terras.

Não esconde também que, mesmo já depois de casada e com dois filhos, o dinheiro não abundava e que por vezes era preciso escolher entre a medicação para o marido ou o leite para as crianças.

É neste contexto que surge a oportunidade de ir para a Suíça, já quase com 40 anos.
Maria Odete recorda que uns primos arranjaram contratos de curta duração para o marido e que se lhes juntou seis anos depois. Inicialmente, foi trabalhar para uma lavandaria, em Valais, e depois para um lar, em Lausanne. Já habituada a tarefas árduas, nunca lhe faltou coragem e empenho, embora as emoções também estivessem, por vezes, à flor da pele.
“Lá fora a vida é diferente e poupava-se para construir a casa”, lembra, salientando que “o mais difícil foi a língua”.

Durante os 26 anos em que esteve no estrangeiro, até à reforma, fez questão de manter as tradições portuguesas e de vir, duas ou três vezes por ano, à sua aldeia, para ver a família.
Embora tenha gosta de “governar a vida” e de ter feito muitos amigos, a sua terra “estava sempre em primeiro lugar”.

Assim, há seis anos o casal regressou a Portugal com o mais velho, enquanto o mais novo quis ficar por terras helvéticas.