00:00 [apresentação] Aida Elisabete Nogueira  – nasceu a 10 de Outubro de 1937 – Não é de Macieira é de ao pé da Régua – o marido era de Macieira por isso foi para lá – diz que foi castigada –

00:42 [casamento] conheceu o marido em Lisboa que trabalhava nos armazéns de vinho tal como Aida, a lavar garrafas –

00:56[trabalho em Lisboa] tinha 10 anos quando foi para Lisboa, foi sozinha para Lisboa de comboio – tinha os tios à espera e ela foi para lá servir – foi Aida que quis ir para Lisboa – com 9 anos foi trabalhar para a vindima na régua para ganhar dinheiro para a viagem – ganhou 100 escudos e disse à avó que queria ir para Lisboa trabalhar e foi – diz que foi para Lisboa passar fome , que em casa não passava fome mas que em Lisboa passou uma fome negra – diz que a patroa era uma malvada, que ao cão dava comida boa e a Aida dava comida estragada – então não comia e passou fome – ficou doente até escrever à avó que a foi buscar -esteve lá a trabalhar até aos 11 anos – dormia longe dela – vivia com essa senhora noite e dia – os seus tios é que lhe arranjaram o trabalho – escreveu à avó para a ir buscar – quando via um comboio dizia que o comboio o tinha trazido mas que não o levava – estava bem na sua terra e foi se por mal em Lisboa – depois a família ficou toda em Lisboa

04:45 [Lisboa] gosta de pinga em Lisboa e de abafado que era doce – tinha colegas que eram de Macieira e do Gafanhão – um dia encontrou sangue e disseram-lhe que era para o vinho e então já não quis mais –

05:40 [marido]conheceu-o no armazém quando tinha 18 ou 20 anos –

06:13 [casamento] casaram em Sul. Foi a pé para casar e vieram a pé, não havia dinheiro para carro nem cavalos – os cavalos serviam para trazer minério da serra –

07:00[escola] foi à escola na Régua – lembra-se bem da escola, havia muita gente –

07:27 [Régua] só lá voltou uma vez há muitos anos –  o genro levou-a lá

07:38 [filhos]tem o Valentim Nogueira Alves Frade, Rosa Maria Nogueira Alves Frade , Manuel Nogueira Alves Frade , Lurdes Nogueira Alves Frade, António  N. A. Frade, Ana Paula N.A F. E Rui Nogueira Costa. Diz que ter muitos filhos é bom porque são seus amigos. Naquele tempo não havia as possibilidades que há agora. Queria pôr os mais novos a andar mas não conseguiu – tem um filho em cada concelho e está sozinha com o marido. Alguns filhos nasceram em São Pedro e outros em casa. Havia mulheres que ajudavam a dar à luz – O parto do Valentim foi muito complicado – na altura usava-se rolhas de açúcar com pão e o bebé teve que se aguentar – resistiu mas mal estava a ver que morria – o Valentim era muito doente com 7 anos ainda não caminhava – corria com ele ao colo -foi com ele para Lisboa para o tratar porque em Macieira gastou muito dinheiro sem resultados – ainda hoje se vê que o Valentim não caminha direito – foi difícil criar todos os filhos porque o marido era doente e foi operado uma serie de vezes –

11:40 [comida]não deixou os filhos passarem fome, andou 12 anos na serra a vender sardinhas – tinha vergonha, sentia-se como se estivesse a pedir esmola – a sogra era sardinheira – não havia trabalho porque o  trabalho era na floresta – ela andava com o peixe porque lhe custava muito andar com a enxada na mão – a serra era muito longe eram 3 horas para lá e 3 horas para cá – Regoufe ? e Gorim – o peixe vinham-no trazer ao salgueiro – quando houve estrada vinham até macieira – Às vezes iam à hora do calor pelo monte fora – era como uma casa sem janelas, uma pessoa sozinha, com 21 anos pelas serras fora, com duas caixas de chicharro numa vaca – foi duro para criar os filhos –

13:19[filhos] [comida]os filhos dormiam em camas pareciam um hospital  – os mais pequenos dormiam com Aida e os outros tinham divãs – Aida cozinhava para os filhos – fazia sopa punha uma manta no chão e toda a gente enchia a barriga – era uma vida alegre -passavam canastras de milho e naquele tempo não havia lenha, andavam aos ? e aos tocos ? para longe – vendia o peixe e trazia de chão de ribeiro, da lagoa, chabascas do mato para acender o lume para aquecer os filhos –

14:50 [luz][lavar roupa] [sabão] era um candeeiro a petróleo ou a azeite – a luz ja chegou tarde, nem agua tinham, era um chafariz, iam lavar ao rio que passa la em baixo mas antigamente estava melhor que agora – agora tem uma maquina mas ainda não usou – lava a roupa num tanque que tem em casa -lavava antigamente a roupa num rio la em baixo onde passava um rego de agua – antes havia mais agua e mais limpa – as mulheres juntavam-se todas e batiam umas mantas -punha-se a roupa a courar – naquele tempo nem lixívia havia – lavavam com sabão

16:25[bacalhau][leite] o bacalhau era a 20 tostões o quilo – compravam postas de bacalhau para cozinhar ao meio dia  -em Lisboa era 10 tostões e mais tarde a 15 tostões – leite era das cabras ou das vacas – sabe ordenhar mas mal porque as mãos ja não dão – ia sozinha com as vacas buscar estrume ao monte – levava a roupa la em cima ao pe do apanha almas e levava os filhos atrás – enxugava e vestia a roupa –

17:30 [São Macário ] Antigamente iam a pé pelo carreiro fora com os filhos ou na mão ou ao colo -depois deixou-se disso porque era escandaloso ir com as crianças – agora parece uma feira mas naquele tempo era giro, faziam arraiais – toda a gente cantava e dançava.