Todos nascidos na aldeia de Almofala, concelho de Castro Daire, Baltazar Pereira, José Manuel Luís e Conceição Garcia têm boas memórias das brincadeiras do antigamente e dos brinquedos que faziam. Andaram na escola e com escassos recursos as bolas para jogarem nas eiras e no recreio eram feitas de farrapos ou roupas velhas, mas isso não os impediu de brincarem como crianças que foram. Recordam, ainda o pião, e a roda. No período do Natal jogavam ao Rapa, Tira, Deixa e Põe com pinhões a fazer de dinheiro. De carvalhos faziam carrinhos e umas “engenhocas” para fazer a água andar, com paus de sabugueiro faziam os “estoira-balas” tirando o miolo de dentro do pau e as bolinhas com pedacinhos de linho. Na ausência de carrinhos, também eles os faziam com um molho de carqueja que metiam debaixo do rabo, fazendo-se deslizar por penedos abaixo. Brincadeiras de crianças, apesar da escassez de tempo, pois a ajuda aos pais no campo era prioritária, ficava o domingo para essas brincadeiras e durante o pastoreio. Tempos difíceis onde ainda permanecem na memória tantas canções dessas brincadeiras, o “Bom Barqueiro” e “Hortelinho, Hortelã”:

“Bom barqueiro
Deixa-nos passar
Tenho filhos pequeninos
Custam-me a criar”.

“Hortelinho, hortelã
Adivinha tamarão
Quantos dedinhos estão para o ar.”

Entrevista a Baltazar Pereira, José Manuel Luís e Conceição Garcia conduzida por Luís Costa. Captação de imagem por Liliana Silva e de som por Luís Costa a 09 de maio de 2019. Editado por Liliana Silva