O contexto que envolve as tradições de Natal da meninice de Fátima Chaves é bem diferente da realidade presente.
Os homens reuniam-se no Cruzeiro, onde um ‘toqueiro’ (um madeiro de grandes dimensões) iria arder até ao Ano Novo. As brasas eram usadas para assar sardinha e aqueciam os convívios que duravam noite dentro, enquanto a aparelhagem tocava.
Já às meninas eram reservadas brincadeiras como o jogar à boneca, à marca ou o andar de roda.
Apesar das dificuldades, estreava-se uma roupa nova pelo Natal, embora este fosse um ritual que nada tem a ver com os presentes que hoje se colocam no sapatinho.
No jantar da Consoada, a ementa mantinha-se inalterada, conjugando as batatas, as couves e bacalhau salgado comprado na mercearia. Não faltavam ainda as rabanadas feitas com pão de cacete.
A missa do Galo era realizada na vizinha Póvoa de Calde, mas era na eucaristia de dia de Natal que mais pessoas se juntavam para beijar o Menino Jesus, o que tornava a celebração distinta.
Já durante a tarde desse dia 25, a comunidade juntava-se no baile da aldeia, cantando e bailando as típicas modas da região.
Não havia a fartura de hoje mas, nota Fátima Chaves, a alegria era, em compensação, uma constante.