Frente a frente, Reriz e Vila Nova, duas aldeias no concelho de Castro Daire, encontram-se separadas pelo Rio Paiva. E apesar das ruturas físicas, ganham elos através da continuidade de gestos, interesses e práticas comuns.

Este é o ponto de partida para a residência artística “Água doce, água salgada”, que aquele território acolheu durante duas semanas e que contou com a participação de Luís Costa, investigador social e coordenador da Binaural Nodar.

Integrada na estratégia percorrida pela associação, a iniciativa dedicou-se a aprofundar a temática das culturas da água, ao mesmo tempo que permitiu o regresso ao Rio Paiva, um curso intimamente ligado à história da Binaural Nodar e do próprio artista.

Assim, Luís Costa vocacionou o seu projeto para a pesca, fazendo um paralelo com Nodar, onde a atividade tem um grande peso. “Rio, Gente, Trabalho, Alimento” é a proposta apresentada e que dá conta de que os rios são um tecido que pode surpreender-nos, simultaneamente, pela sua subtileza e grandiosidade.

O trabalho conta com a colaboração de Ana Rodríguez e estabelece uma relação entre lugares: numa perspetiva de proximidade entre as “aldeias amigas e vizinhas” de Reriz e Vila Nova; e de um ponto de vista mais macro com Rincon de Paiva (Uruguai), com o qual o rio partilha o topónimo.

Luís Costa (1968) é curador de práticas artísticas contemporâneas, investigador social, artista sonoro, educador e animador cultural em contexto rural, no contexto da associação Binaural Nodar. Coordenador do Lafões Cult Lab, um conceito de pesquisa e acolhimento artístico e de investigação social desenvolvido no território português de Viseu Dão Lafões, o qual já acolheu centenas de artistas contemporâneos e investigadores sociais de todo o mundo. Coordenador do Arquivo Digital Binaural Nodar, um projeto de pesquisa, catalogação e mapeamento sonoro e audiovisual da memória coletiva dos territórios rurais de intervenção da associação. É autor e editor de vários livros sobre património imaterial e sobre arte contemporânea em contexto rural, tendo apresentado o seu trabalho artístico sonoro e media em universidades, museus, espaços comunitários e locais “site-specific” de Portugal, Espanha, Itália e Uruguai.