O Natal era uma época bonita e festiva por excelência e que, na família de Mariana Rouxinol, estava muito ligada ao contexto religioso. E se no quotidiano não havia exuberância, este período era vivido de forma mística, com o anúncio do nascimento de Jesus, o Messias que vinha salvar a humanidade.
O beijar da imagem do Menino, o presépio e a árvore de Natal pautam estas memórias.
Na noite de Consoada, a mesa, também simples e modesta, acolhia as batatas com bacalhau e a couve tronchuda, a que se seguiam as rabanadas preparadas pela dona da casa, que eram a alegria dos mais novos, e talvez uma aletria.
De seguida, a família reunia-se à lareira e brincava ao par-ou-pernão, um jogo popular com os pinhões das pinhas recolhidas, na serra, pelos irmãos mais velhos.
À meia-noite, de 24 para 25 de dezembro, celebrava-se a Missa do Galo, o corolário dos preparativos religiosos que antecediam o Natal.
Entre as tradições, Mariana Rouxinol recorda o tirar das Janeiras, pelas meninas, de porta em porta; e os reis cantados, pelas ruas das aldeias cheias de gente miúda, pelos rapazes. Em troca recebiam maçãs, nozes ou castanhas.
Os jovens reuniam-se nos bailes de Natal que se realizavam nos largos da aldeia ou nos salões já definidos, sempre sob o olhar atento das mães. A sanfona, o cavaquinho e os ferrinhos ajudavam a marcar o ritmo.
A matança do porco, assim que o tempo arrefecia, era o principal sustento da casa e sinónimo de que se aproximavam as festas, pelo que a salgadeira tinha de estar cheia.