00:05 Portanto, acho que, o fato de eu me interessar pela via da paisagem mental, não a tira dessa ideia do fatual.
00:14 Portanto ela não deixa de ter essa componente do fatual, no entanto é um fato menos visível provavelmente.
00:22 E portanto, a passagem dessa paisagem invisível para um documento cisual, por um lado tira-a dessa situação do quotidiano, da situação banal, para um situação de exceção.
00:40 Por duas razões, uma porque é de fato a dar a visibilidade a uma paisagem invisível, naturalmente.
00:51 E por outro lado, de torná-la uma exceção.
00:57 Na verdade, Os problemas que se me põe e as preocupações que tenho não são do domínio da antropologia porque não é da minha área naturalmente, mas penso que o cruzamento de várias áreas disciplinares pode sermuito fértil no campo das artes.
01:16 Isto por várias razões, a própria inoperatividade do trabalho dá-lhe uma abertura de possibilidades muito mais rica, e porque não tem que responder às questões antropológicas por exemplo, até é possivel que traga novas questões a essas áreas.
01:40 Ou não, simplesmente não, é um pouco isso.
01:44O que penso é que de uma maneira geral pode trazer novas questões, pode levantar novas questões diferentes daquelas que as meramente disciplinares colocam.
01:53 Nesse sentido da abertura da problemática penso que pode ser a vantagem da produção artística dessa natureza, é exatamente levantar novas questões que não sejam extritamente de um domínio disciplinar mas que façam o cruzamento entre esses domínios.
02:13 E naturalmente também a própria visualidade dos documentos dessas áreas é uma coisa que me interessa bastante.
02:24 E poder subverter…parecer qualquer coisa de científico e não ser, porque não tem essa pretenção também é uma coisa muito curiosa, deixa o documento visual na dúvida, a própria obra pode deixar essa dualidade.
02:45 E mesmo essa dúvida penso que é produtiva.
02:48 Para mim, o trabalho que eu faço, considero de alguma maneira, não consigo tirá-lo da minha produção estética.
02:59 Porque enquanto produtora de iamgens estou preocupada com quetões estéticas.
03:07 Agora no meu trabalho a principal preocupação não é essa.
03:14 Não de fato o produto final estar belo por assim dizer. Ou resultar numa coisa bela.
03:25 É uma boa questão, eu acho que … até agora tinha trabalhado à volta de áreas como a psicogeografia, muito ligada à ideia de rotina na cidade, tentar dar uma nova visão aos registos do quotidiano, e a práticas do quotidiano que voltando um bocadinho à outra questão,
03:46 fazem com que a paisagem que percorremos todos os dias sistematicamente esteja praticamente invisível, e portanto aqui, a primeira coisa foi rotinas naturalemente diferentes.
04:01 Além disso a ideia da rotina estar intimamente ligada com o terreno, no que respeita ao nível do trabalho também, e com o trabalho que eu desenvolvi permitiu-me perceber que a relação com o espaço é diferente.
04:20 Portanto não há aquela alienação que eu encontrava na cidade, no entanto ainda mais rica no sentido que, o pensar sobre os locais que utilizámos, trás novos sentidos no que respeita por exemplo a domínios.
04:41 Domínios de território inclusivé que são coisa que aqui são geridas naturalmente, e que podem criar situações de uso partilhados.
04:57 O que quero com isto dizer é que a ideia de espaço público aqui é naturalmente diferente. E a ideia de propriedade é uma coisa que está bastante… quase que gerida ao longo de várias gerações.
05:15 E a ideia de …por exemplo, o local que eu achei que seria mais público foi o local de cruzamento naquela rua principal, e o desenvolvimento do trabalho mostro-me que na verdade nem é tão utilizado assim.
05:28 Portanto aquilo são momentos muito especial em que aquele espaço público é utilizado. E os percursos dos quotidiano passam por outros caminhos.
05:36 Isso é muito curioso, a ideia de espaço público em relação ao uso é muito diferente relativamente ao que acontece na cidade, nomeadamente na cidade do Porto que foi onde eu tive algum estudo mais direcionado para esse tipo de locais.
05:55 Difuso sim, difuso porque a ideia de propriedade não está estritamente relacionada com o uso do proprietário, há uma questão de cedências, como falei há bocadinho, é uma gestão.
06:11 Uma gestão que é passada de geração em geração.
06:15 Muitas gente me diz que eu para levar os meus animais a determindo local, atravesso tal propriedade mas é só nesse contexto, portanto também tenho essa ideia de até onde podem ir …até onde pode ser o uso feito em determinada propriedade, noutros casos haverão que os animais podem-se alimentar em propriedades de outras pessoas, e tudo isto é muito interessante no em sentido em que
06:47 mentalmente os locais em que cada um pode estar, ou pode usar, ou pode gerir de alguma maneira, é muito curioso e muda de pessoa para pessoa.
07:00 Portanto os locais são mais ou menos públicos dependendo da pessoa que está em questão.
07:05 Em primeiro lugar, foi uma boa oportunidade para experimentar coisas que andava a experimentar em espaço público na cidade, de alguma maneira diferente no espaço rural.
07:17 Portanto uma ideia de uma espécie de psicogeografia do rural, que é necessariamente diferente da do urbano.
07:23 A outra foi a possibilidade do contato com as pessoas que é uma coisa que me interessa bastante, por ser facilitado por tu Lui´s conheceres as pessoas e de alguma maneira vinculares a comunicação franca e mais livre do que se eu viesse sozinha e tentasse estabelecer essa comunicação.
07:57 Portanto a residência enquanto elo de ligação à comunidade foi muito importante para mim, diria decisiva no resultado da produção artística diria.
08:08 Para além disso toda a possibilidade de trabalhar num ambiente como este foi muito enriquecedora para mim, inclusivametne esta discusão do trabalho permanente com os outros residentes foi muito fértil e fez com que o resultado do que eu fiz aqui estritamente relacionada com as condições que tive.
08:34 E já agora agradeço, muito obrigada pelo apoio, e o produto final penso que é uma espécie de agradecimento ao apoio que tive, obrigada.
Joana Nascimento é uma artista visual portuguesa. Licenciou-se em Artes Plásticas – Escultura pela Faculdade de Belas Artes do Porto, onde actualmente desenvolve uma investigação intitulada “Territorialização dos Espaços, [In]Visibilidades – Uma Abordagem ao Espaço e Tempo Performativo nas Práticas Artísticas para o Espaço Público”, no âmbito do segundo ano do Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público. Em 2006/07 Obteve formação extracurricular em Cenografia e Intermedia na Akademia Sztuk Pieknych w Krakowie, Polónia.
Faz parte do colectivo multidisciplinar “Inner-city”, cujos interesses se centram em abordagens locais ao espaço público e participou em várias exposições colectivas em Portugal, Espanha e Polónia.
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