Um muro de pedra seca em calcário numa aldeia em estado de transição, entre um antes feito de sobrevivência, de essencialidade e de engenho e um depois que não se sabe bem o que virá a ser. O musgo, Bryophyta sensu stricto, esse filo cosmopolita de pequenas plantas criptogâmicas não vasculares, de organização simples e comum em habitats húmidos e sombrios, poderá ser pensado poeticamente como um símbolo de uma lenta acumulação de idos tempos e estações. A tentativa de escrita sonora no musgo e na pedra é, quiçá, uma outra forma de dizer: aqui estamos nesta simbiose geológica e vegetal, para que não esqueçam quer quem construiu este muro por estrita necessidade quer a perene e lenta transformação das matérias terrenas.