Até por volta da década de 80 do século anterior, os moinhos de Penha Garcia, que acompanhavam as margens do Rio Pônsul, eram um equipamento muito procurado. Pela rota do moleiro, aqui chegavam os habitantes que vinham moer o trigo e o centeio que alimentavam a aldeia.

Conta Domingos Rodrigues, o guardião dos moinhos de rodízio – que foram, entretanto, recuperados e resgatados a um vaticínio de esquecimento – que, até 1978, “as pessoas ainda cá vinham”. Porém, “com a evolução da indústria da moagem, os moinhos começaram a querer parar”.

O processo era cíclico, desde a sementeira de cereais no campo, à colheita e ao transporte para fazer a farinha. Para pagar o trabalho do moleiro, recorda Domingos Rodrigues, os agricultores deixavam “uma porção” do rendimento. “Quem não cultivava, comprava o produto final”, acrescenta.

Ainda hoje é possível reviver o processo da moagem, com a água a bater no rodízio e, assim, a acionar as mós. Infelizmente, no entanto, dos campos já não chegam cereais. Noutros tempos, cada moinho assegurava 40 quilos de farinha em meia hora, o que acabou por tornar-se obsoleto face à rentabilidade das indústrias, com capacidade para 30 ou 40 sacos por hora.