Nascida em 1952, em Calde, foi aqui que Belmira Cardoso Rouxinol fez toda a sua vida. Tal como era comum na altura, cresceu no seio de uma família onde a religião estava bastante vincada, rezando-se as Graças aos santos e o Terço.

À noite, enquanto as mães ficavam a fazer a ceia, as crianças iam a casa das senhoras que ministravam a catequese e, duas ou três semanas antes da Comunhão, tinham lugar os ensaios na Igreja. No dia próprio, ainda em jejum, os mais novos iam a pé até à casa do padre, no Almargem, e integravam a procissão. Chegados à matriz, recebiam a comunhão e seguia-se uma merenda, com o que cada família tivesse, antes de ter lugar a eucaristia.

Belmira Cardoso Rouxinol recorda que esta era também conhecida como a Festa da Irmandade, a que acorriam mordomos de toda a freguesia.

Quando a paróquia passou a ser liderada pelo padre João Rodrigues dos Santos, fez-se uma nova residência paroquial. Organizaram-se cortejos, com rolos de madeira conduzidos em carros de vacas e as meninas a transportarem uma cesta à cabeça, com produtos agrícolas, como milho e feijão, e encimada por uma nota, a dançar. Realizou-se o leilão das oferendas e a obra foi construída.

“Criada assim”, faz questão de ainda hoje manter bem presentes os valores católicos e os rituais religiosos, com a fé a levá-la, anualmente, em peregrinação, a pé, ao Santuário de Fátima e à Santa Eufémia, em Cepões.