Várzea de Calde, primavera de 2019. Registo sonoro integrado numa série de gravações realizadas para o projeto Viseu Rural 2.0 e para o Arquivo da Memória de Várzea de Calde, cujo tema principal são diversos usos e conhecimentos sobre plantas: medicina, culinária, construção de ferramentas, rituais, jogos, etc.

Na sua oficina José Joaquim Gaspar da Costa mostra-nos algumas ferramentas e explica-nos para que servem. Antigamente os carpinteiros faziam as suas próprias ferramentas e ele, filho e neto de carpinteiros, ainda conserva algumas dessas ferramentas antigas. Mostra também alguns objetos feitos com distintos tipos de madeira e, refletindo sobre o tratamento que se dava às casas para proteger os seus materiais, comentou algumas interessantes especificações sobre, por exemplo, a hora apropriada para cortar pinheiros, para que a sua própria resina proteja a madeira. “A resina é como o sangue de uma pessoa e a madeira deve ter o seu sangue”, afirma. Os castanheiros e os carvalhos não têm resina, enquanto as cerejeiras sim. Também é muito importante ter em conta as fases da lua para cortar a madeira. José Joaquim Gaspar tem as suas próprias árvores, mas tendo em conta o trabalho que leva todo o processo, prefere comprar a madeira já cortada.

Entrevista de Ana Rodríguez com José Joaquim Gaspar da Costa (n. 1936).