Obtidas as meadas no sarilho, o próximo passo é a sua transformação em novelos, um formato que se apresenta mais funcionar, por exemplo, para as etapas seguintes, como a preparação da trama e da urdidura. A este processo chama-se dobagem e é obtido com recurso à dobadoira (ou dobadoura).

Os bugalhos das carvalhas servem de base ao início dos novelos, conta-nos Maria de Jesus Gonçalves Chaves, enquanto as suas habilidosas mãos vão mostrando o processo.

Terminada uma meada, retira-se o chamado “nó de tecedeira” de uma nova e insere-se na dobadoira para continuar o trabalho.

Este exemplar que podemos ver tem mais de 200 anos. Eram os carpinteiros, como o seu pai, que os faziam, tal como aos teares e outros engenhos utilizados no processo de obtenção do linho.

Como podemos ver, a dobadoira tem na sua estrutura uma cruzeta, com quatro braços em cruz, de rotação horizontal e inclui, ao centro, uma coluna fixa, que lhe serve de eixo. À medida que o fio da meada é enovelado, as extremidades da cruzeta, atravessadas por um segmento cilíndrico fixo na vertical, vão girando.

No seu testemunho, Maria de Jesus fala ainda na designada “barrela”, que servia para “corar” as meadas, em cestos antigos, onde se juntava cinza e água a ferver, que formavam uma papa; e de brincadeiras antigas, como o pião, as bonecas de trapos, as bolas feitas de meias velhas, os carrinhos de corcódea ou de escarpelas de milho e o estoira-balas.