Maria Estrela Ferreira Chaves Maurício nasceu em 1962, no seio da família dos ‘Lopes’ de Várzea de Calde, no município de Viseu. A casa dos pais ficava junto ao Largo de São Francisco, em cujo chafariz, antigamente, rapazes e raparigas se juntavam para namorar, a coberto das idas à fonte para buscar água.

Sendo oito filhos, da sua infância recorda uma vivência “boa e alegre”.

Estas memórias são recuperadas ao redor do tear, feito de pinho, que adquiriu depois de tirar o primeiro curso de tecelagem. Maria Estrela Maurício vai desfiando recordações enquanto termina um tapete urdido em algodão e tecido em tirela ou firmas (restos de roupas já não usadas).

A tecelagem, nota, exige muita dedicação, e é um trabalho que é preciso conciliar com as terras e as tarefas do dia-a-dia e que a ocupa “nas horas vagas”.

A artesã também costumava semear linho, mas, como ainda tem alguma quantidade para maçar e fiar, não o tem feito. “É uma erva que funde muito”, destaca, acrescentando que as sementes tradicionais são guardadas em saquinhos de pano e vão, assim, passando ao longo de gerações.

Ao lado do tear guarda outros instrumentos necessários no tratamento da fibra, como a dobadoira, o sarilho e uma máquina de fiar. No registo temos ainda a oportunidade de ver Maria Estrela Maurício a encher a canela no caneleiro que será depois usada na lançadeira para fazer o fio passar pela urdidura, formando o tecido.