A Binaural/Nodar levou a cabo entre 2015 e 2018 uma longa investigação sobre o ciclo do linho na aldeia de Várzea de Calde (freguesia de Calde, município de Viseu), em estreita colaboração com o Museu do Linho de Várzea de Calde. Como resultado dessa investigação, co-financiada simultaneamente pelo Programa Viseu Cultura do Município de Viseu, pela Direção Geral das Artes, pelo Programa Europa Criativa (rede Tramontana), foi publicado o livro bilíngue (português e inglês) “Várzea de Calde: Uma aldeia tecida a linho”, foi lançado o CD “Cancioneiro do linho e da vida rural” do Grupo Etnográfico de Várzea de Calde e foram efetuados dezenas de registos sonoros e audiovisuais, os quais fazem agora parte do Arquivo Digital Binaural Nodar e do Arquivo Viseu Rural 2.0.

De entre os múltiplos registos, foram gravadas todas as fases do ciclo do linho, da sementeira à tecelagem. No documento audiovisual que se segue, Laura Filipe ilustra três fases: o sedar com o sedeiro que consiste na separação da estopa, da estopinha e do linho, a preparação da roca para fiar e o fiar, seja manual seja com engenho de fiar movido a pedal.

“Antes de ir para o tear, o linho ainda dá muitas voltas”, explica, realçando os vários processos pelos quais a fibra passa até ser transformada em tecido.
Assim, conta que era comum que todos os momentos fossem aproveitados para a trabalhar, como acontecia enquanto se guardava as ovelhas.

Em sua casa, embora não houvesse tear, produzia-se muito linho. “Havia umas senhoras que tinham mãos que pareciam seda para fiar e em troca a minha mãe dava-lhes uma broa”, recorda.
Sendo um material muito versátil, fresco no verão e quente no inverno, “rompia-se muito linho”, graceja Laura Filipe, notando que havia várias finalidades para a estopa, a estopinha e o linho.