Várzea de Calde, primavera de 2019. Registo sonoro integrado numa série de gravações realizadas para o projeto Viseu Rural 2.0 e para o Arquivo da Memória de Várzea de Calde, cujo tema principal são diversos usos e conhecimentos sobre plantas: medicina, culinária, construção de ferramentas, rituais, jogos, etc.

Quando Laura Filipe era criança, entre duas ou três raparigas levavam as ovelhas da família e de outras pessoas a pastar na serra, tarefa que as ocupava pelo menos meio dia. Os lameiros eram para ceifar a erva para as vacas enquanto as ovelhas iam comendo a queirós e outras plantas que encontrassem. As ovelhas antigamente não iam “para as terras como agora”. Laura recorda que costumavam ir para um lugar acima da barragem e naquela altura às vezes apareciam os lobos. Num certo outubro (ela recorda-se pois já tinham feito as vindimas) foram a um terreno onde havia muita rama para as ovelhas comerem e um lobo levou uma ovelha. No entanto, graças a um habitante da aldeia conseguiram recuperá-la. Apesar de ter aparecido toda mordida, a ovelha salvou-se provavelmente graças às malvas, segundo se lembra Laura.

Entrevista de Ana Rodríguez com Laura Rodrigues Filipe (n. 1952).